Entrevista com Antônio Veronaldo

Entrevistamos o ator, diretor e produtor de teatro Antônio Veronaldo no dia 16 de fevereiro na Galeria Ana das Carrancas no SESC de Petrolina. Em uma entrevista bem descontraída, Veronaldo nos falou sobre suas definições de cultura, a influência da mídia no Vale do São Francisco e como as coisas se tornaram um mero mercado. Na época da entrevista, Veronaldo estava trabalhando na produção da peça teatral "Flor de Macambira" exibida em Petrolina, na Praça Dom Malan no sábado 19 e em Juazeiro, na Praça da Bandeira, no domingo 20.

Entrevista com Maciel Melo

O cantor e compositor Maciel Melo nos concedeu uma entrevista via email devido conflitos de agenda. Na seguinte entrevista, o iguaraciense falou sobre a cultura nordestina, suas composições e o modo como a mídia atua sobre a cultura.

Antes de mais nada, conheça um pouco sobre a trajetória artística desse ícone.

Biografia:

Natural de Iguaraci - a 363 km da capital Recife, filho de sanfoneiro e defensor do autêntico forró pé-de-serra. Com a canção “Caboclo Sonhador” tornou-se um ícone da música nordestina. 

Lançou em 1996 o cd "Janelas". Dois anos após seu primeiro cd, lançou "Jeito Maroto" e no ano seguinte "Alegria de nós dois". Em 2000 foi a vez de "Isso Vale um Abraço", lançando em 2001 "Acelerando o Coração" e em 2002 "Solado da Chinela". Em 2005 lançou "Dê Cá Um Cheiro", lançando em 2006 "Nascente". Em 2008 lançou seu primeiro cd ao vivo "Isso Vale Um Abraço", no Teatro Guararapes e seu mais recente trabalho, de 2009 "Sem Ouro sem Mágoa".

01 – Como você define cultura?

A cultura é a identidade de um povo, representada pelas artes, pela gastronomia, pelos costumes, pelos dialetos de cada região e pelo sotaque que lhe identifica como tal. No Brasil a diversidade de ritmos, de raça, de gênero e de cor, faz de nós um país misticamente rico. Apesar das influências deixadas pelos invasores na época do pseudo “descobrimento”, pois já existíamos e éramos muito mais ricos culturalmente. Talvez eu esteja sendo um tanto nostálgico, mas antes dessa globalização, nossa musica, por exemplo, era muito mais verdadeira. Sentíamos orgulho do nosso frevo, do nosso forró, com suas variantes que se espalhavam entre o xaxado, o baião, o xote, e o arrasta-pé. A linguagem usada pelos compositores era metaforicamente cantada a partir do cotidiano de cada região, ou seja, utilizando uma poética própria refletida nas coisas de seu habitat.

02 - Você acha que a mídia se apropria da cultura? Como?

Curiosidades sobre a mídia brasileira

Alguns números da mídia no Brasil:

- 9477  é o número de veículos de comunicação no Brasil. 

- 41 é o número de grupos de abrangência nacional no Brasil.

- 551 é o total de veículos controlados pelos grupos nacionais no Brasil.

- 34 é o número total de redes de TV no Brasil.

- 1511 é o total de veículos ligadas às redes de TV e a seus respectivos grupos afiliados no País.

- 20 é o número total de redes de Rádio FM e OM. 

 Fonte: http://donosdamidia.com.br/

Cultura popular, de massa e erudita.

A cultura é muito vasta e formada por diversos elementos, como as brincadeiras populares, culinária, artesanato, literatura, danças, lendas folclóricas, superstições e religião.

Cada povo, seja ele negro, índio, europeu carregam ao longo das gerações suas raízes culturais (ou identidade cultural). Essa cultura é a tida como popular, presenciada no dia-a-dia, ensinada pelos nossos ancestrais.

Já a cultura ensinada e vivida pelas classes mais abastadas de cada sociedade, as quais exigem uma maior instrução é a cultura erudita.

E a cultura fortemente influenciada pela mídia, com forte influência comercial é a cultura de massa.

Canto da Poesia

Só?

"Desincronizado como o arranhar do vento na minha janela. Ao meu redor, só o descompasso quebra a presença do tédio que insiste em visitar sem marcar hora. 
Nada de abraços sinceros, nem sorrisos eternos, essa ideia de pequenas demonstrações de efusividade me transporta pra uma prisão domiciliar, prisioneiro sem algemas."

www.apalpandoabstrato.blospot.com.

Canto da Poesia

Inaugurando o nosso Canto da Poesia, postaremos as criações de um dos nossos componentes, o criador do blog apalpandoabstrato.blogspot.com

Espera

Cansei de palavras tortas, amores ausentes, cigarros pela metade e ainda me sinto tão jovem e impaciente. O receio de passar e não deixar meu tanto é o que alimenta o desespero de agir. Vou deitar, me acorde quando a dor for embora. 

O papel da mídia na sociedade atual

A mídia tem como principal papel informar a sociedade sobre os acontecimentos na política, educação, saúde, segurança, lazer, esportes, cultura. Por princípio ético, deveria ser imparcial e apurar os fatos dos dois lados envolvidos. Entretanto, o jogo político tem falado mais alto. Os principais jornais do país, Rede Globo, Folha de São Paulo, Rede Record, Rede Bandeirantes são comandados por grandes empresários os quais são ligados à políticos influentes no nosso país, como no caso da Bahia e Maranhão onde as famílias Magalhães e Sarney comandam os principais jornais dos estados.
Um dos poucos portais que lutam por uma imprensa melhor é o Observatório de Imprensa. Esse cita que  "o produto jornalístico é, inquestionavelmente, um serviço público, com garantias e privilégios específicos previstos em vários artigos da Constituição, o que pressupõe imperiosas contrapartidas em matéria de deveres e responsabilidades sociais."
A mídia deturpa e é deturpada pelas interferências políticas e isso acarreta numa perda da valorização cultural, pois devido aos interesses dos empresários assuntos realmente importantes como a própria cultura são esquecidos.

O papel político da cultura na sociedade brasileira

A cultura brasileira é rica em manifestações populares de norte à sul, devido à colonização de ingleses, espanhóis, portugueses, holandeses, japoneses, chineses, turcos e os índios e africanos tão renegados durante a história do Brasil. Nenhum outro país é tão rico em biodiversidade, povos e cultura como o nosso. E como era de se esperar, ela é assunto em pautas políticas, midiáticas e educacionais. Abaixo seguem algumas declarações de um ex-ministro e da atual ministra do governo Dilma sobre a cultura e seu papel político.

"Como Ministro da Cultura, lamento que a cultura entre no debate eleitoral por meio de chavões e inverdades, não como a prioridade estratégica que a sociedade brasileira vem conquistando, inclusive em termos orçamentários.A agenda cultural é fundamental para a qualidade de vida das pessoas e para o desenvolvimento do País. Não há qualquer contribuição à cultura quando o tema é tratado dessa forma, pois pouco contribui para consolidar as grandes conquistas do setor cultural nos últimos anos. Não contribui para avançar, e pode até mesmo ajudar a rebaixar a importância da cultura nesse momento de definição das políticas dos próximos anos"
Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura rebatendo as críticas do candidato José Serra à presidência da República criticando a Lei Rouanet de incentivo à espetáculos culturais.

"Com a chegada de novos colaboradores, há um esforço concentrado para enxergar a realidade e particularidades de cada Ponto de Cultura, com o claro intuito de superar as dificuldades enfrentadas, avançar e aperfeiçoar essa construção política."
Ana de Hollanda, atual Ministra de Estado da Cultura falando a respeito da continuidade do Programa Cultura Viva e da nova Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.